BRUXELLES
TYP. BRUYLANT-CRISTOPHE ET C^ie
Rue Blaes, 31
1862
«O mundo acabarPenso que vai,Ai ai! ai ai!Vou apitar!Tão rodeadoEstou de diabosCom unhas e rabosD'assarapantar!Raios, coriscos,Bombas e traquesE mais petiscos A rabiar E a estoirarEm torno de mim! Zás catrapaz!Se Deus piedadeNão tem do frade,Grande caurimMe vai pregarDom Satanaz!»
Todo a tremer, Santo AntonioAssim se poz a gritarQuando o travesso demonioEm pessoa o foi tentar.
Sae do inferno Troça bravia De quantos demos Por lá havia. Em vassouras Vêem montados, Com tesouras E machados Sobraçados; Bem armados D'escupetas,Estes coçam as carécas,Aquelles fazem caretas,Tocando grandes trombetas,Cavaquinhos e rebecas.Vem um tocando fagote,E outro com um chicoteJá começa a sacudirO habito empoeiradoDo alegre frei Antonio;Mas o frade atomatadoLogo se põe a fugirDe tão chibante demonio,Correndo conforme pódeE gritando todo afflicto:«Aqui d'el-rei, quem m'acode!Ó da guarda! Eu apito!»
Dous feios diabos Mui cabelludos, Cornos agudos E longos rabos, Entram na cella Do bom santinho; Vão-lhe á panella Que ao lume tinha C'uma gallinha Paio e toucinho, Tiram-lhe a tampa, Comem-lhe tudo, Deitam-lhe trampa; Vão-lhe á borracha Que tem o vinho N'um esconderijo; Bebem-lhe tudo Deitam-lhe mijo. Á tal cambada Não escapa nada Tudo se acha Quebra e estraga Mija e caga.
Uma pequena bonitaTambem lh'entra na cavernaToda lépida e catita,E começa a levantarO ballão, e linda pernaLogo se põe a mostrar...«Ai Jesus! diz Santo AntonioVai-te d'aqui ó demonioNão me estejas a tentar...»
«Façam dançar Contradançar Pular Cantar Saltar Esse santinho» Já diz gritando Um diabinho Que está tocando A desgarrada N'um cavaquinho.
Eis toda aquella Endiabrada Troça bravia O bom do Santo, Que já n'um canto Se escondia, Vai buscar. E a tocar N'uma panella Com a tranca Da janella, N'uma banca O faz dançar Pular Saltar Cantar.
Até Plutão, o rei demonio,Quiz assistir á funcção,Pois quer ver se frei AntonioSe livra da tentação;E p'ro que der e vierComsigo traz a mulher.
O Santo todo encolhidoNo meio d'aquella canalhaCada vez mais se atrapalha;Um demo mais atrevido,Dá-lhe muita bordoada,E outro feito cupidoVem por traz com uma settaE no coração lh'a espéta...A nada se move o fradeModelo de castidade!!
Vendo porém Que fim não tem A seringação Fórma tenção De s'esconder; E mui callado Vai-se a metter Dentro da cama; Mas lá recúa Todo espantado Pois uma dama Toda janota, (Ainda que nua, Mesmo em pelóta) Acha deitada Em seu lugar... A concubina Com uns olhinhos Muito espertinhos A scintillar Já o fulmina E quer tentar...
A tal menina É mesmo boa; Se Prosepina É em pessoa!
Santo Antonio atrapalhadoContempla incendiadoAquella erotica scena,E em frente da bellezaDe coisas que nunca viu...Ao poder da natureza,Com bem custo resistiu...Mas quando quasi tentadoCom os olhos da pequena,Vai a cair na esparrellaDe saltar a cima della,Lembra-lhe Deus derepenteQue vai cair em peccado,Fica todo aforçuradoE como que inspirado,Vai buscar muito apressadoD'agua benta seis canadasE nos demos imponenteFerra boas hysopadas.Estoira que nem castanhasToda aquella diabada,Cada demo dá um tiroQue nem uma peça raiada;E fugindo a bom fugir...BU KİTABI OKUMAK İÇİN ÜYE OLUN VEYA GİRİŞ YAPIN!
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